Ressignificando a interdisciplinaridade para uma educação de
qualidade em EaD
Cicinato A Carmo
A utilização das
tecnologias internéticas não garante à educação online um status de inovação.
Para tanto, é importante que se rompa com os paradigmas da tradição educacional
e com a unidirecionalidade das mídias de massa. Segundo as autoras do artigo Articulação de saberes na EAD: por uma rede
interdisciplinar e interativa de conhecimentos, Okada & Santos (2003),
é preciso “modificar o processo de comunicação dos sujeitos envolvidos e
articular os saberes multireferenciais” dos diversos profissionais responsáveis
pela administração, programação, desenho instrucional e tutoria na educação a
distância: web designers, programadores, conteudistas, designers instrucionais,
tutores e gestores. Interação e interdisciplinaridade são as palavras de ordem.
A burocratização
da educação online reforça a distinção entre o fazer e o saber e reproduz o
atual sistema de ordem fabril, no qual cada sujeito exerce funções específicas
sem que se inter-relacionem: o web designer cria a arte final do conteúdo,
explorando as potencialidades da linguagem digital; o conteudista seleciona
textos e elabora as atividades do curso; o programador desenvolve o ambiente
virtual de aprendizagem. Por extensão, o aluno consome o conteúdo de ensino. Esta
ordem burocrática impossibilita o desenvolvimento de uma postura comunicacional
interativa, transforma o conteúdo educacional em pacotes fechados prontos para
o consumo, banaliza a educação a distância e subutiliza as tecnologias
disponíveis.
Para
que a educação online possa superar esse processo de burocratização e se
organizar como uma prática produtiva e integrada, serão necessários investimentos na
formação de novas competências comunicacionais, curriculares e pedagógicas e o “envolvimento
interdisciplinar de toda uma equipe de produção que se dá para além da relação
professor, aluno e conteúdos” (p. 3), de modo que contribuam para a construção
coletiva do conhecimento e promovam ressignificações epistemológicas. Uma
mudança qualitativa nesta modalidade educacional exigirá que professores e alunos
tornem-se coautores do processo de ensino e aprendizagem. Ela também exigirá a
elaboração de um currículo em rede que abra as fronteiras dos espaços que
definem quem administra, quem produz, quem ensina e quem aprende e os tornem
permeáveis aos diversos saberes constituídos. Saber e fazer democratizam-se
neste novo cenário. Em um contínuo processo de comunicação interativa e
interdisciplinar, todos os sujeitos tornam-se autores no ciberespaço, uma vez
que o conteúdo não é algo pronto, fechado. Ele é manipulável, interligado e
virtualmente modificável, respondendo às solicitações dos seus usuários.
O
desafio atual da educação online reside justamente na realização efetiva de uma
prática interativa e interdisciplinar que possibilite o desenvolvimento
individual e coletivo dos sujeitos. Conforme apontado por Okada & Santos,
novas dinâmicas curriculares que promovam a colaboração, a reflexão crítica de
informação compartilhada, a transformação com o outro, a desconstrução e
reconstrução de novos conhecimentos precisam ser desenvolvidas para que uma
mudança qualitativa na educação online efetivamente ocorra.
Referência:
OKADA, Alexandra Lilavati Pereira & SANTOS, Edméa Oliveira. Articulação
de saberes na EAD: por uma rede interdisciplinar e interativa de
conhecimentos. In: Anais. Seminário Nacional Abed de Educação a Distância. 1. Belo
Horizonte. Disponível em: .
Acessado em 08 de julho de 2014.
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