APRESENTAÇÃO

Bem vindos todos vocês que se interessam pela Educação, seja ela inicial, continuada, presencial ou mediada pelas tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDICs). Este blog tem como objetivo refletir sobre as formas de ensinar e aprender no mundo contemporâneo e o modo pelo qual as TDICs modificam os paradigmas tradicionais de nossa estrutura educacional.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Considerações de uma educação em trânsito

 por Cicinato A Carmo


Algumas experiências pelas quais passamos não se repetirão jamais com a mesma intensidade com que as sentimos da primeira vez: o primeiro beijo, a primeira aula na faculdade, o primeiro carro, a primeira casa. Na verdade, a sabedoria popular tem razão quando diz que as águas não passam duas vezes no mesmo rio. O rio já não é mais o mesmo, muda a cada instante. Suas margens são redesenhadas pelas águas que por ali passam e apresentam novos contornos. As águas, por sua vez, seguem caminho para outros rios até chegar no oceano. Ora me sinto rio, caminho sulcado na terra. Ora me sinto água: fluido em busca de zonas mais baixas até encontrar a imensidão dos mares e ali me misturar a outras águas e me transformar em mar, em vapor, em água. Assim foi o meu domingo com o grupo Edu on Tour (http://eduontour.weebly.com/): líquido, intenso e transformador.

Domingo de festa estranha com gente esquisita. Sim! Gente que dedicou o dia santo para discutir ações que impactem positivamente a sociedade pelo viéis da educação. E não eram só brasileiros. Éramos brasileiros, austríacos, suecos, tchecos, portugueses, alemães, belgas, espanhóis... Éramos muitos. Origens, formação, classes sociais, culturas nacionais, gêneros e etnias distintas. Éramos um. Um corpo, muitas funções, um objetivo: lutar para viver com dignidade. Lutar com espadas, bombas, granadas, rojões? Não! Lutar com a palavra. Indaba! Lutar por dias melhores, por oportunidades igualitárias, pela dignidade humana, pela formação global do ser humano. Indaba! Lutar por uma educação goiabeira, ramificada, frondosa. Ou seria uma educação fogueira? Ágil, dinâmica, transformadora. Não importa qual seja a metáfora que usemos. Na realidade, o que importa é a certeza de que o atual quadro social excludente em que vivemos só poderá ser modificado se, e exclusivamente se, nos lançarmos à ação sistematizada por uma educação igualitária. Alguns poderão dizer: “Uma andorinha só não faz verão”, mas afirmo que ela é indicativo de que muitas outras virão para se unir à ave solitária e formar um bando tão barulhento que não poderá ser ignorado. O verão está chegando. Quando? Não sei dizer ainda, mas vejo andorinhas aqui e ali anunciando um tempo que urge. Ouço o seu zinzilular anunciando histórias. Histórias de cabide, de feridas, de super heróis e de goiabeiras. Histórias de crianças, homens e mulheres que acreditam na força transformadora da educação. Histórias contadas em rodas que se desdobram em outras histórias e formam novas rodas ad infinitum.

Indaba! Palavra de origem africana que significa conselho de pessoas reunidas em torno de um assunto importante para discussão.  Ou simplesmente em zulu, um assunto para discussão. E que assunto é esse que trazemos para a nossa roda? Educação. Mas uma educação dialógica, criativa e empoderadora. E que pessoas são essas na roda da história? Eu, você e todos aqueles que lutamos por um mundo igualitário. Andorinhas anunciando o verão! Experiências como a de domingo me fazem perceber mais claramente que ações locais têm o poder de transformar grandes estruturas quando conectadas em rede. Exemplos há aos montes na história recente: Maio de 1968, o movimento pelos direitos civis das mulheres, negros e gays, Primavera Árabe dentre outros. É hora de estabelecer conexões em larga escala para transformarmos a educação. É hora de ação!



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